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terça-feira, 10 de abril de 2012

Eu sou quase um paradoxo

Desde que aprendi a pensar por conta própria e desenvolver meu senso crítico e opiniões próprias digo que não gosto da escola. Não concordo com o sistema educacional e não acho que escola seja um mal necessário.. Acho que escola é apenas um mal - só isso.

Mas dado o mundo em que vivemos e as circunstâncias impostas para se obter "sucesso na vida" sou obrigada a seguir o protocolo. Passei boa parte do meu tempo no ensino médio torcendo pra que acabasse logo - e finalmente acabou. Enfrentei alguns meses de dúvidas, pensando em parar de estudar e tomar um rumo diferente na vida. Eu simplesmente não me encaixava - e ainda não me encaixo - nesse sistema "educacional". Sempre fui um pouco descrente do mundo.

Eis que terminei o ensino médio e entrei na faculdade. O que me ajudou a tomar a decisão de seguir em frente? Meu livro preferido, oras. Não há livro que eu me identifique mais do que O Apanhador no Campo de Centeio. As ideias de Holden Caulfield parecem ditas por mim e eu me identificava com o momento do personagem. Eu me casaria com Holden se ele fosse real, no duro.

Bom, continuando, em uma certa parte do livro, Holden recebe conselhos do Professor Antolini, que diz o seguinte: "Entre outras coisas, você vai descobrir que não é a primeira pessoa a ficar confusa e assustada, e até enojada, pelo comportamento humano. Você não está de maneira nenhuma sozinho nesse terreno, e se sentirá estimulado e entusiasmado quando souber disso. Muitos homens, muitos mesmo, enfrentaram os mesmos problemas morais e espirituais que você está enfrentando agora. Felizmente, alguns deles guardaram um registro de seus problemas. Você aprenderá com eles, se quiser. Da mesma forma que, algum dia, se você tiver alguma coisa a oferecer, alguém irá aprender alguma coisa de você. É um belo arranjo recíproco. E não é instrução. É história. É poesia."

O livro parecia me entender.

"Há outra coisa que uma educação acadêmica poderá proporcionar a você. Se você prosseguir nela por um tempo razoável, ela acabará lhe dando uma ideia das dimensões da sua mente. Do que ela comporta e, talvez, do que ela não comporta. Depois de algum tempo, você vai ter uma ideia do tipo de pensamento que sua mente deve abrigar. A vantagem disso é que talvez lhe poupe uma enormidade de tempo, que você perderia experimentando ideias que não se ajustam a você, não combinam com você. Você começará a conhecer as suas medidas exatas, e vestirá sua mente de acordo com elas."

É claro que levei um tempo pra ter coragem de continuar. Foram muitos dias - meses - me acostumando com a ideia de não abandonar a escola, entrar na faculdade e seguir minha vida moldando minha mente. Ainda é difícil aceitar certas coisas e ainda procuro alguém que me ajude a entendê-las. Mas sigo meu caminho... sempre procurando a way out.

Termino esse post fazendo minhas algumas palavras de Holden - sobre se ele iria se esforçar nos estudos, pergunta que ouvi muito quando tomei minha decisão de continuar "mesmo sem a mínima vontade" - no último capítulo do livro: "... isso é o tipo de pergunta imbecil. Quer dizer, como é que a gente pode saber o que é que vai fazer, até a hora que faz o troço? A resposta é: não sei. Acho que vou, mas como é que eu posso saber? Juro que é uma pergunta cretina."

2 comentários:

  1. Como SEMPRE você me fascinando com os seus posts Nick! *-*
    Vou ler esse livro, sério!
    Mais uma vez, parabéns!

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    Respostas
    1. Valeu Jé! *-*
      Lê sim, é o melhor livro do mundo!

      Valeu mesmo!

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