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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Sobre a sensibilidade de um sistema prestes a explodir

Muito bem, eu admito: tenho preconceito contra sucessos que chamam a atenção de menininhas de 13 anos. E eu explico: porque elas estão sempre atrás de mais um galã (zinho) adolescente ou não para "amar". É uma futilidade que eu prefiro ignorar.

Acontece que, um desses sucessos me fez mudar ligeiramente de ideia. Por obra do destino, assisti o primeiro e segundo filmes da série Jogos Vorazes. O primeiro não me chamou muita atenção - até escrevi um post raso o comparando com o BBB (ainda acho que os "brothers" poderiam se matar no programa, não fariam falta).

O segundo filme, porém, me chamou mais atenção, já que a crítica presente no filme se mostrou mais forte. Enquanto algumas menininhas no cinema choravam porque Peeta foi atingido por uma névoa venenosa (eu não disse que o filme era 100%), eu prestava atenção na inteligência da autora da saga em criar uma sociedade futurista onde o absurdo é normal, denunciando um possível caminho para a nossa.

Em um diálogo do filme, entre a mocinha e o presidente, fica clara a crítica ao nosso mundo contemporâneo: "deve ser um sistema fraco pra ter tantas falhas"

Eu só lamento que poucas pessoas parecem ter percebido os questionamentos políticos presentes no filme e se permitam fazer tais perguntas sobre nossa sociedade atual. Como as coisas são manipuladas para que as pessoas "se comportem" e não prestem atenção ao que está realmente errado. Como o Estado tem as ferramentas de controle e garante sua soberania e quais as manobras usadas para isso. Muito disso é denunciado no filme, mas até as críticas sobre ele tiram o foco político-social presente. O próprio filme joga na cara de seus espectadores que estão sendo manipulados há anos, de forma óbvia e escancarada, mas que, infelizmente, as meninas que choravam assistindo o filme naquela sala de cinema, não perceberam, pois estavam distraídas demais com os atores bonitos na tela.