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quinta-feira, 18 de julho de 2013

O advento (azucrinante) da internet

Estou em busca de um estágio. Outro dia me mandaram um teste de seleção pra responder e, em uma das questões, me pediam para dissertar sobre a internet e sua revolução e a dificuldade de se lidar com o mundo desconhecido das redes sociais.

Sinceramente? Discussões sobre qual o papel das redes sociais no mundo contemporâneo são um saco.

É importante sabermos como isso transformou os meios de comunicação e etc, mas esse papinho de "vivemos numa era global, onde informações circulam o tempo todo e blá blá blá" já deu. Todo mundo já sabe disso. Nós vivemos isso e é simplesmente irritante ter que analisar a internet e os impactos das redes sociais o tempo todo.

Quando tocam no assunto na faculdade eu sinto vontade de sair correndo. Todos os vídeos, textos e teóricos dizem a mesmíssima coisa e tudo o que eu consigo pensar é: mas isso não é óbvio?!

As pessoas chegam a exagerar sobre o assunto, como demonstra muito bem essa tirinha que eu não faço ideia de quem seja o autor:


Em tradução livre ao estilo censura de legenda de filme brasileiro, pra não ofender nenhum chato:
"A NASA confirmou que o asteróide está vindo em nossa direção... sim, uma pergunta?"

"Qual o papel da mídia social na órbita deste asteróide?"

"O twitter mudou o nosso modo de responder à ameaças de asteróide?"

"Bom, isso tornou as perguntas de coletivas de imprensa menos inteligentes"

"Fascinante! E o Facebook?"



terça-feira, 2 de julho de 2013

Os fins justificam os meios?

No começo da faculdade eu tinha uma disciplina chamada Percepção e Criatividade. Basicamente, foram dois semestres tendo aula com uma professora fofíssima sobre como o espaço que nos cerca está cheio de estímulos - que muitas vezes passam despercebidos - capazes de nos fazer sentir e fazer coisas.

Ainda perdido? Eu dou um exemplo simples. Se você entrar num quarto escuro, pouco iluminado, com as paredes todas brancas, ou um papel de parede verde musgo com flores pequenas, você provavelmente se sentirá incomodado. Se abrirmos a cortina, iluminando o ambiente, tirarmos o papel de parede, pintarmos as paredes de vermelho e eu fizer você ficar nesse cômodo por um tempo razoável com a porta fechada, você se sentirá nervoso e excitado. Se mais algumas pessoas entrarem no cômodo provavelmente os ânimos se alterarão depois de um certo tempo.

- Mas tudo isso por causa de uma cor? 
Não. Tudo isso por causa do ambiente projetado para tal fim. 

Muito se fala sobre teorias conspiratórias, manipulação da mídia, alienação da população, principalmente nesses últimos tempos revolucionários. Os protestos chamaram atenção para várias questões sociais e os mais atentos perceberam as manobras de um governo desesperado para abafar escândalos e evitar futuras manifestações. Pois bem. Se você não tem estômago forte, pare de ler este post imediatamente.

Na faculdade de publicidade aprendemos a fazer você querer comprar um produto ou serviço através de um anúncio. Aquele anúncio que conquista sua atenção por causa daquele produto revolucionário que facilitará sua vida. Convenhamos, você já caiu em pelo menos uma tentação da Polishop. Aliás, não só da Polishop. Em publicidade nós dispomos de inúmeras ferramentas para prender sua atenção e despertar seu desejo de compra. A chave do sucesso, caros amigos, é a informação. Informação que não pode cair nas mãos de todos, ou ela perderá sua eficácia. A arte de despertar o desejo do consumidor vai muito além de uma simples argumentação e passa longe de ser uma arte. A estratégia é conhecer o indivíduo melhor do que ele mesmo e para isso não se medem esforços. 

Existe um campo do marketing chamado neuromarketing. É uma união entre ciência e marketing que estuda a essência do comportamento do consumidor, busca entender a lógica do consumo, detectando através de exames neurológicos os estímulos externos que desencadeiam reações como desejo, impulso e motivações. Mas não se engane, caro leitor, esses estudos não se limitam à publicidade. 

Sim, é um sistema capitalista e todos querem o seu dinheiro. E os meios para tal fim são inúmeros. Para citar alguns, vamos falar sobre a famosa mídia. Os meios de comunicação são uma ferramenta importante de manutenção do sistema. Nesses últimos tempos de protesto pudemos observar uma das estratégias usadas para tentar diminuir a força das manifestações: a distração - leia-se futebol. Você deve ter estudado que em uma época militarizada do nosso país o futebol serviu como uma ótima distração, tirando a atenção do povo dos problemas que o país enfrentava. Ouvi dizer que essa última vitória do Brasil na Copa das Confederações foi comprada, mas não pretendo entrar nessa questão a fundo, vou deixar que você mesmo reflita sobre como esse boato ilustra a distração.

Basicamente, se você pretende que alguém faça tudo o que você quiser - e continue fazendo -, é importante que você tenha calma e use o conta gotas. A pessoa não vai aceitar tudo o que você disser de cara, então imponha sua vontade aos poucos, sinta-se livre para forjar situações debaixo dos panos, fazê-la vivenciar momentos que, pouco a pouco, implantem uma ideia na cabeça dela. Faça-a pensar que tudo o que ela faz é por vontade própria, faça-a acreditar em escolhas. Se ela se rebelar, distraia-a, trate-a como criança ou débil mental, ela vai adorar, principalmente se você não a der instrução educativa alguma. Estimule-a a continuar medíocre - e aceitar a própria ignorância como algo que traga felicidade, porque pobre é mais feliz, não é mesmo? Se ela se sentir mal porque você e seus amigos possuem mais regalias que ela, diga que a culpa é dela mesma, porque ela não é capaz de conseguir o sucesso que deseja. Desse modo, a culpa leva a inibição de qualquer ação revolucionária e ela continuará jogando de acordo com suas regras.

Agora passe este último parágrafo para o coletivo. É assim que o sistema mantém sua engrenagem funcionando. Já descobriu quem é a engrenagem?

Como já é meu costume, o post acaba aqui, mas não a reflexão. Leia, pesquise, releia, questione, observe e desenvolva seu senso crítico a ponto de perceber as ações de domínio e manutenção do poder a que me referi no texto. Lembre-se que não é apenas uma questão em jogo, mas sim um conjunto complexo de questões a serem investigadas, discutidas e percebidas.